PRÁTICAS CORPORAIS JUNTO A ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI: ABERTURA PARA OUTROS SENTIDOS/SIGNIFICADOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA EDUCACIONAL

Resumo

A presente pesquisa-ação foi realizada no Centro de Internação Provisória - CIP do município de Itajaí, no período de março a julho de 2007, buscando compreender como a prática de esportes/atividades corporais pode contribuir para a construção de sentidos/significados no que diz respeito as relações interpessoais estabelecidas dentro desta instituição. Desse modo, objetivamos identificar quais sentidos/significados os sujeitos da pesquisa atribuiam as práticas corporais durante as aulas de Educação Física, analisar quais os sentidos/significados são construídos durante a prática de atividades corporais e identificar quais as contribuições das práticas corporais para a ressignificação das relações interpessoais estabelecidas dentro do CIP (relação interno/interno; relação interno/monitores; relação interno/estagiários). Para isso realizamos um questionário aberto junto aos adolescentes internos. As nossas intervenções foram realizadas com base na teoria crítico-emancipatória proposta por Kunz (2004) permitindo aos adolescentes participarem das decisões e construção de regras adaptadas durante as aulas e discutindo com eles, nas assembléias iniciais e finais, como a aula ocorreu. Durante as intervenções pudemos perceber que, primeiramente, os adolescentes se mostravam agressivos entre si e pouco dispostos a estarem participando das atividades propostas por nós. Com o passar das intervenções, observamos que os adolescentes começaram a se mostrar mais disponíveis para a participação das atividades e a agressividade entre os mesmos foi, paulatinamente, diminuindo e, consequentemente, aumentando o respeito a nós, estagiários. Assim, acreditamos na importância de se trabalhar a educação física educacional fora do espaço escolar, com populações distintas como esta, pois compreendemos que essa abertura possibilita a nós estagiários uma ampliação de nosso olhar sobre a prática docente e dá a população excluída socialmente a possibilidade de construção de sentidos outros para as suas relações interpessoais e para o espaço de internação.