MEMÓRIAS DE ATLETAS DE VOLEIBOL DO AMADORISMO AO PROFISSIONALISMO

Resumo

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a trajetória de atletas de voleibol das gerações de 60, 70, 80 e 90, que atuaram em seleção brasileira. Procurou-se desvelar os preconceitos e as resistências da prática do esporte competitivo por mulheres nas diferentes gerações, na bifurcação amadorismo-profissionalismo, reconstruindo histórias referentes às mulheres e às práticas esportivas, de forma a desvelar o significado do esporte nas suas vidas. A memória das atletas de voleibol é a fonte da pesquisa e o referencial teórico-metodológico utilizado consiste na história oral, proporcionando um diálogo entre a história oficial e o modo como o voleibol foi percebido e vivenciado por essas mulheres. A pesquisa utilizou-se de entrevistas com quatro mulheres atletas pertencentes à seleção brasileira de voleibol no período de 1960 a 1990. O perfil das mulheres que se envolviam com esporte foi se modificando sensivelmente transformando o ideal amador (recreativo e educativo) por outros interesses, como a ascensão social e emancipação através da profissão. Encontrou-se nos discursos das colaboradoras, uma vida ancorada no esporte, suas experiências realizaram-se em torno da representação da bola, onde elas construíam sentidos, sociabilidades, amizades e paixões. Apesar de os resultados do estudo, colocarem o voleibol no eixo central da vida dessas mulheres, verificou-se uma diferença nas relações de permanência na carreira esportiva entre as diferentes gerações: i) as atletas da década de 60, época que ainda se jogava o voleibol amador, competiram oficialmente pelo Brasil, até realizarem o sonho do casamento; ii) e, as que competiram após essa década, romperam com o ideal amador, e representam a mulher com direito a contracepção e ao trabalho reconhecido (Lipovetsky, 2004), estas, jogaram até que seus corpos não conseguissem mais suportar o ritmo dos treinamentos, terminando suas carreiras com idade avançada.