A AFIRMAçãO DO ARQUéTIPO DA APTIDãO FíSICA E A ESPORTIVIZAçãO DA EDUCAçãO FíSICA ESCOLAR NO BRASIL SOB A óTICA DA TEORIA CRíTICA DO ESPORTE (1970-1985)

Resumo

A influência do esporte na disciplina de Educação Física no Brasil alcançou seu ápice na década de 70 do século XX, período marcado pelo projeto educacional, autoritário e conservador, do regime militar (1964-1985). Nesse contexto, a disciplina de Educação Física incorporou os anseios e a ideologia da transformação do Brasil em uma potência esportiva de reconhecimento internacional e da criação de um sistema esportivo nacional. Esse encaminhamento fomentou a implementação de novas formas e modelos de atuação para a Educação Física afinados com as diretrizes dos governos militares e suas projeções para o desenvolvimento do esporte nacional. Diante disso, o escopo desse ensaio centraliza-se na análise do processo histórico de afirmação do esporte como conteúdo central das aulas de Educação Física escolar. Ademais, objetivou-se, relacionar essa ação à política educacional dos governos militares e as iniciativas de pesquisa para a área. A fim de alcançar os objetivos propostos, adota-se uma perspectiva teórico-metodológica fundamentada nas conceituações da Teoria Crítica do Esporte. Assim, procura-se inserir o esporte e suas manifestações nas discussões das ciências sociais, sob um crivo crítico de inspiração marxista e frankfurtiana. Nessa esfera, pressupõe-se que as práticas esportivas devem ser inseridas na crítica a lógica do sistema capitalista e consideradas produto e mecanismo auxiliar de conservação das relações capitalistas. Verificou-se a Educação Física e esporte serviram como um valioso dispositivo viabilizador da conservação da ideologia dominante e da conformação social. Dessa forma, o esporte inserido no interior escolar promove o controle ideológico, a harmonização dos conflitos sociais e a reificação da cultura ligada as práticas corporais. Não obstante, indica-se a submissão da disciplina aos interesses do sistema esportivo. Por fim, afirma-se que o esporte na escola deve ser problematizado e historicizado e reitera-se a necessidade de práticas culturais alternativas orientadas pela emancipação dos alunos.